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OS FANTASMAS DA GESTÃO CORPORATIVA FAMILIAR

OS FANTASMAS DA GESTÃO CORPORATIVA FAMILIAR

Autor: Mariana Lewin Haft

Sócia da Lewin Haft Projetos em Gestão – www.lewinhaft.com.br

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É fato que toda empresa familiar tem muito forte a marca da gestão intuitiva e pessoal e há muitos cases de sucesso para engrossar as estatísticas no sentido de que o trabalho árduo e a paixão pelo que se faz são os fatores que levaram essas organizações a altos patamares.

No entanto, também é verdade que se o resultado está satisfatório, a empresa raramente decide rever seus processos internos, melhorar sua governança, e a desculpa é o velho “em time que está ganhando não se mexe” ou “a intuição é o segredo do nosso sucesso”, ou, ainda, o melhor: “vamos perder nosso DNA”.

É importante deixar claro que esse dilema é quase uma assombração na vida dessas empresas. Uma “alma penada” que aparece, alguém logo espanta, e assim sucessivamente, até que uma crise ou outro problema consistente apareça e prejudique os resultados efetivamente, fazendo com que os responsáveis decidam reavaliar a estrutura empresarial como um todo.

Nessa hora, a assombração se transforma em esperança e o dilema em plano. Se percebe que o “bicho-papão” não é a profissionalização da gestão e sim o risco de se perder o trabalho árduo, a paixão que levou a empresa até ali. Nessa hora, muitas vezes os envolvidos aceitam um “corpo estranho” que lhes pode clarear as ideias, sem a subjetividade que pode embaçar a tomada de decisão, em favor da segurança e da continuidade do negócio.

O profissional que estiver à frente da recuperação dos resultados de uma empresa familiar precisa, antes de tudo, entender as circunstâncias subjetivas que permeiam não só os fatos que trouxeram a empresa ao plano atual, mas principalmente os receios dos sócios e do time, ou seja, o que deixaram ou demoraram para fazer, e porquê; o que é realidade, o que é “assombração”, o que é “bicho-papão”. Uma boa dose de psicologia vai explicar muita coisa, e sem isso o processo pode ser frio, distante e sem adesão.

Trata-se de uma oportunidade ímpar, que vai além de recuperar os resultados. Se bem aproveitada, ela muda a mentalidade dos gestores em favor da necessidade permanente de cuidado com os processos internos, com a governança, com a saúde operacional e financeira das práticas de gestão.

Se o profissional, da família ou não, não souber aproveitar a chance para rever os processos preservando – e demonstrando claramente sua preocupação nesse sentido – o DNA e a paixão dos sócios pelo que fazem, a recuperação do resultado pode até acontecer naquele momento, mas a “alma penada” ainda vai rondar, e na primeira oportunidade ela vai aparecer de novo.

Ao contrário, se o profissional trabalhar a ideia de gestão e governança perenes, com atenção à linha tênue que separa a independência e objetividade da análise de dados corporativos da impessoalidade e desatenção com o coração da empresa, a assombração fica definitivamente para trás e a gestão profissional passa a ser uma realidade.

Essa é a verdadeira gestão profissional, a que busca (re)colocar a empresa nos trilhos em favor dos resultados, entendendo os complexos fluxos da empresa e suas razões de ser, propondo soluções sustentáveis em longo prazo, mas sobretudo a que respeita a história da empresa e trata com carinho quem construiu e o que construiu.

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