Governança – por onde começar?
Nos artigos anteriores da série “Descomplicando a Governança”, já tivemos a oportunidade de abordar o conceito e os benefícios da Governança. Hoje nosso objetivo é esclarecer os primeiros passos para início de uma trajetória de sucesso, em empresas familiares.
Apesar da maioria destas empresas já adotarem alguma prática de Governança, em diferentes níveis (1), poucas fazem de forma sistêmica, o que limita os resultados e acaba comprometendo a evolução do tema e criando trajetórias de insucesso, que geram uma percepção equivocada quanto à potencial contribuição que pode trazer para as empresas, independente do porte e/ou estágio de maturidade do negócio.
Quais as dicas então, para as empresas que desejam começar sua trajetória, mas não sabem por onde?
O caminho mais indicado é começar por um diagnóstico em profundidade que ajude a entender o estágio de governança da família e/ou sócios, o nível de profissionalização da gestão do negócio, no que tange à estratégia, liderança e saúde, e o cenário mercadológico onde a empresa está inserida. Esse tema do diagnóstico já foi detalhado em artigo recente. https://www.triever.com.br/single-post/a-importância-do-diagnóstico-para-evolução-da-governança
Este diagnóstico deve ser feito por um profissional especialista em Governança e generalista em Gestão, ou seja, com conhecimento de negócios e não necessariamente do negócio em si. Cabe a ele a coordenação do trabalho, na etapa posterior ao diagnóstico, que visa em primeiro lugar alinhar a visão dos sócios/família para o negócio, definindo os objetivos do projeto e a partir desta, construir de forma colaborativa com lideranças internas, um plano de trabalho que alavanque os principais gaps, com foco na preparação da empresa para implantação do Conselho como órgão máximo da Governança.
O plano de trabalho deve considerar apartadas as ações recomendadas para cada dimensão da empresa familiar – familia, patrimônio e empresa, se possível com lideranças distintas.
A melhoria da governança da família deve estar a cargo do Conselho de Família, e se este não existir, de algum membro que tenha vontade e capacidade de liderar, com suporte de especialistas. Alguns exemplos de soluções para esta dimensão, são os protocolos e os conselhos de família, que devem definir dentre outros fatores as regras de entrada e saída dos membros da família na empresa.
No que tange ao patrimônio, cabe aos sócios conduzir as ações alinhadas, com suporte de experts. O exemplo mais comum é a criação do acordo de sócios, que deve considerar dentre outros aspectos, a questão da sucessão patrimonial e as regras que regulam a atuação dos sócios na gestão da empresa.
Por último, na dimensão empresa, o responsável pelas ações relativas à gestão deve ser o CEO ou cargo equivalente na estrutura da empresa. Em sua grande maioria, estas ações estão relacionadas a um dos temas previstos no modelo da Governança Integral – estratégia, liderança e saúde do negócio. Em alguns casos, quando não houver competência interna, pode-se utilizar da figura de consultorias especializadas.
Cabe ao profissional de Governança estabelecer um bom controle do andamento destes planos e uma integração entre os mesmos, que garantam a visão sistêmica do tema, com foco nos objetivos definidos para o projeto, com report ao Conselho ou fórum equivalente. Aos sócios, cabe o patrocínio do projeto por convicção e o investimento necessário. E à família, respeitar a empresa, e desejar sua perpetuidade, priorizando a função social. Não é um caminho fácil, mas nos parece ser o mais eficiente para trajetórias de sucesso.