Uma nova governança para uma nova econômia

Autora: Gaspar Carreira
Conselheiro Consultivo de Administração e Fiscal, com atuação nos setores automotivo, telecomunicações, previdência complementar, terceiro setor e startups

Estamos em 2020 e vivenciamos pelo menos 3 crises globais, que de uma forma ou de outra, com certeza seu negócio foi afetado. Estamos falando de grandes fraudes como da Enron no início dos anos 2000, especulação/bolha imobiliária e quebra do Lehman Brothers lá pelos anos de 2008 e estamos nesse momento vivendo a pandemia do Corona vírus.

Por consequência a Governança Corporativa foi impactada, no Brasil e no Mundo, pela Lei Sarbanes Oxley (SOX), Lei anticorrupção, Lei das Estatais, LGPD, ESG, Manifesto dos CEOs e Forum de Davos pregando o Capitalismo Consciente e em favor dos stakeholders e não mais apenas dos shareholders, dentre outros movimentos. Entretanto, talvez para 80% das empresas brasileiras muitas dessas questões não passaram de notícias no jornal, e sim, sentiram os impactos macroeconômicos, principalmente inflação, recessão, juros altos e pouco acesso ao capital advindos dessas duas primeiras crises. Empresas que efetivamente não possuem governança formal e estruturada, mas que possuem uma forma de gestão e liderança muito próxima do negócio, as chamadas empresas de dono, ou empresas familiares e de capital fechado. Logo a Governança usual, que alguns chamam de formalista, que foi altamente impactada e por isso evoluiu e muito, talvez em nada poderia ter ajudado a vocês em suas empresas.

Mas já em um mundo em transformação, as empresas brasileiras com falta de investimento em tecnologia, baixa produtividade, se depararam com a pandemia do Covid-19 e sofrem diretamente seus efeitos danosos, onde somem os clientes, desaparecem os insumos e empregados só remotamente podem atuar. Essas empresas precisam se transformar, mas como fazê-lo se em sua maioria atuam de forma isolada, com base apenas em experiências passadas, bem-sucedidas, mas que na maioria dos casos não garantem mais sua sustentabilidade? Sim, precisam de novas práticas de governança, de uma governança construtivista.

Vivemos em um tempo acelerado, onde os problemas complicados, viraram complexos, onde o conhecimento é abundante, mas também escasso devido a sua rápida obsolescência. É nesse cenário, que me provoco de como atuar numa governança efetiva e de geração de valor para as empresas que buscam recuperar e aumentar seus resultados. Mais do que nunca precisamos desenvolver a capacidade de estarmos prontos para o desconhecido, ter visão do todo, do contexto, entender rapidamente e agir, alterando o sentido da urgência.

Apoiar-nos na cultura organizacional, e fazendo-a nos levar a performance, através de lideranças legitimas e realizar a correta transformação onde a Governança Corporativa é o agente transformador, é o meu principal propósito. Pois através de molas mestras como a inovação, a diversidade, o aprendizado e a estratégia, saberemos o que manter, o que descartar, o que melhorar e o que inserir em seu negócio em busca da centralidade do cliente, do atendimento de sua necessidade, focado no essencial, no “core”, no valor do negócio, explorando-o ao máximo, pois ele tem prazo de validade, é dinâmico e volátil. Aliás, você sabe onde está o valor do seu negócio?

Afinal estamos num mundo MUVUCA, onde precisamos ter senso de propósito, com impacto global, realizar mudanças rápidas, num contexto imprevisível, multidisciplinar e ambíguo de várias verdades? Por isso precisamos governar numa nova era, onde conselhos resignificados devem instrumentalizar as empresas de forma a transformar os seus negócios para uma forma dinâmica, emergente, liminar e antropocêntrica de atuar, e com uma nova forma de poder acessível, conectavel e extensível impactando a toda uma sociedade.

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